O treinador da seleção brasileira de futebol, o italiano Carlo Ancelotti, foi condenado nesta quarta-feira (9) a um ano de prisão por sonegação fiscal na Espanha, referente ao período em que comandava o Real Madrid em 2014. A decisão foi anunciada oficialmente por um tribunal de Madri.
A condenação se baseia na omissão de pagamento de impostos sobre receitas oriundas de direitos de imagem, enquanto Ancelotti atuava como técnico do clube merengue. Segundo o tribunal, o treinador não declarou adequadamente esses ganhos ao fisco espanhol, configurando fraude tributária.
Contudo, o treinador de 66 anos foi absolvido das acusações referentes ao ano de 2015, já que a justiça espanhola considerou não haver evidências suficientes de que ele tenha permanecido tempo suficiente em território espanhol naquele ano para ser considerado residente fiscal. Naquele período, Ancelotti havia se mudado para Londres, após ser demitido do clube madrilenho em maio de 2015.
A sentença, embora grave em termos simbólicos, não deverá levar o técnico à prisão, uma vez que, de acordo com a legislação espanhola, penas inferiores a dois anos por crimes não violentos geralmente não exigem o cumprimento efetivo da pena, especialmente para réus primários.
Em comunicado oficial, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) declarou que está "acompanhando o caso de perto" e reforçou que "o processo está sendo conduzido exclusivamente pelo staff pessoal de Carlo Ancelotti", indicando que, por ora, a entidade não pretende tomar medidas administrativas ou esportivas relacionadas à condenação.
Ancelotti, que assumiu o comando da seleção brasileira em 2024 com a missão de reconstruir a equipe rumo à Copa do Mundo de 2026, junta-se a uma longa lista de estrelas do futebol — como Lionel Messi, Cristiano Ronaldo e José Mourinho — que enfrentaram processos semelhantes em solo espanhol por questões fiscais.
O caso lança uma sombra momentânea sobre o treinador, reconhecido por sua trajetória vitoriosa à frente de gigantes do futebol europeu como Milan, Chelsea, Bayern de Munique, Paris Saint-Germain e o próprio Real Madrid. Resta agora saber se o episódio terá impacto direto sobre seu trabalho na seleção brasileira, que atualmente se prepara para as eliminatórias da Copa e os Jogos Olímpicos de Paris.
Análise
Apesar do revés jurídico, a condenação dificilmente afetará de forma prática o dia a dia de Ancelotti na CBF. No entanto, trata-se de um sinal de alerta sobre a exposição de técnicos e jogadores de elite às rigorosas normas fiscais espanholas — e da necessidade de que seus representantes jurídicos estejam atentos a cada detalhe contratual.
* Com informações:
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Comunicado oficial do Tribunal Superior de Justiça de Madri (9 de julho de 2025)
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Agências internacionais: Reuters, AFP, El País, Marca
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Declaração da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) à imprensa, via assessoria
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Histórico de cobertura sobre fraudes fiscais no futebol espanhol
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Arquivos públicos sobre a passagem de Carlo Ancelotti pelo Real Madrid (2013–2015 e 2021–2025)
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Leis penais espanholas sobre delitos fiscais (Código Penal Espanhol – artigo 305)