O dólar deu um salto nesta segunda-feira e fechou com uma alta de mais de 1%, refletindo um cenário internacional mais tenso e incerto — principalmente após declarações nada diplomáticas vindas do ex-presidente norte-americano Donald Trump.
Panorama do câmbio
O dólar à vista encerrou o dia cotado a R$ 5,4809, com alta de 1,04%. Já o contrato futuro para agosto, que concentra maior liquidez no momento, era negociado a R$ 5,5115 no fim da tarde, também com alta de 1,05%. Mesmo assim, vale lembrar: no acumulado do ano, o dólar ainda recua cerca de 11,30% frente ao real.
O que movimentou o mercado?
O que pesou no câmbio hoje foi a nova rodada de ruído político internacional. Durante a cúpula do Brics, no Rio, os países membros criticaram o aumento generalizado de tarifas no comércio global. Horas depois, Trump subiu o tom em sua rede social, a Truth Social, ameaçando com tarifas adicionais de 10% para países alinhados a “políticas antiamericanas” — uma alfinetada direta ao bloco.
Como era de se esperar, o mercado reagiu. Ativos de países emergentes — como o real, o rand sul-africano, a rupia indiana e o peso mexicano — perderam força. O risco aumentou, e o investidor correu para o porto seguro da moeda norte-americana.
Reação local
O presidente Lula respondeu de forma dura: chamou Trump de “irresponsável” e defendeu a soberania dos países do Brics, reiterando que “o mundo mudou” e que “não queremos imperador”. O discurso teve efeito limitado no câmbio, mas reforça a volatilidade política no radar dos investidores.
Fatores técnicos
Além do cenário externo mais pressionado, tivemos aqui dentro um fator técnico importante: o mercado estava “vendido” em dólar, ou seja, havia muitas apostas na queda da moeda. Com a tensão crescendo, veio a corrida para zerar posições e isso acelerou a valorização do câmbio.
Atuação do Banco Central
Pela manhã, o Banco Central vendeu todos os 35 mil contratos de swap cambial tradicional ofertados na operação de rolagem — o que ajudou a dar alguma liquidez ao mercado, mas não foi suficiente para conter a pressão compradora.
Mercado
O dólar também se fortaleceu frente a outras moedas. O índice DXY (que mede a moeda americana contra uma cesta de divisas) subia 0,58%, refletindo o movimento global de aversão ao risco.
Resumo
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O dólar subiu mais de 1% puxado por tensão geopolítica e movimento técnico;
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Trump ameaça tarifar países do Brics e reacende o debate protecionista;
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Lula rebate e defende soberania;
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Investidores procuram proteção no dólar em meio à incerteza;
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BC atuou, mas não impediu a alta;
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O patamar de R$ 5,50 volta ao radar como zona de resistência.
* Com informações de diversas fontes como Reuters, Bloomberg e Banco Central (BC), entre outras